quarta-feira, 30 de setembro de 2009

José Cleverton dos Santos

"Sou casado, tenho uma filha que, para mim, é a criança mais linda do mundo".
"Sou guarda municipal na cidade de Carmopólis a 6 anos."

"No momento estou sentindo que estamos trabalhando com pessoas que têm boas intenções e com isso estamos melhorando passo a passo a cada dia".
"Espero que a guarda venha a conseguir o poder de policia, não para substitui-la mas para nos somar a ela, colaborando para a segurança da comunidade". Palavras do GM Cleverton

(colaboração do GM Cleverton)

domingo, 27 de setembro de 2009

A LUTA NÃO PÁRA AQUI - VAMOS MOSTRAR NOSSA FORÇA

Publicada em: 24/09/2009
 

GCM/SP PROVA NA PRÁTICA COMO SE FAZ SEGURANÇA PÚBLICA.
O QUE PRECISA ACONTECER NA SEGURANÇA PÚBLICA DESTE PAIS É UMA MUDANÇA RADICAL NOS MOLDES DE REALIZAR A SEGURANÇA DO POVO, ESTE TIPO DE POLÍCIA, ATRAVÉS DA PREVENÇÃO, PRESENÇA CONSTANTE NO LOCAL, SÓMENTE AS GUARDAS MUNICIPAIS PODEM FAZER, ESTÁ NA SUA PRÓPRIA FILOSOFIA DE TRABALHO.
E É ASSIM QUE A GCM DE SP, SALVOU ESTE COMERCIANTE NA CAPITAL...VIOLÊNCIA REQUER PREVENÇÃO! GUARDAS MUNICIPAIS,JÁ! CRIMINOSOS TROCAM TIROS COM GUARDAS CIVIS NA REGIAO DA CRACOLANDIA/SP Um suspeito foi preso e o outro foi baleado na madrugada desta terça. Caso ocorreu após homens terem atirado contra comerciante em SP.

Um homem foi preso e outro baleado depois que os dois trocaram tiros com guardas-civis metropolitanos na madrugada desta terça-feira (22) na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo. O tiroteio aconteceu depois que um comerciante foi baleado pelos dois suspeitos. Segundo a Guarda Civil Metropolitana (GCM), os dois homens invadiram uma padaria e atiraram contra o dono do local. A GCM ainda não sabe se foi uma tentativa de assalto ao comércio ou de assassinato contra o comerciante.

Em seguida, os suspeitos fugiram em direção ao comando da GCM, e atiraram contra dois guardas que estavam no local. Os guardas revidaram e seguiram os homens. Um foi baleado e o outro foi preso. O suspeito ferido foi encaminhado para a Santa Casa. Já o comerciante foi socorrido pela Polícia Militar para o Hospital Glória. A GCM não soube informar o estado de saúde dos dois. O caso foi encaminhado para o 3º Distrito Policial, nos Campos Elíseos.

Fonte: http://g1.globo.com - www.guardasmunicipais.com.br -  Por NAVAL

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

GM Oliveira


Claudio oliveira Santos (GM Oliveira), paralelamente desempenha a função de inspetor de segurança ,na area da Petrobras, a mais de 6 anos. É guarda municipal na cidade de carmopólis a 6 anos e 5 meses. Casado, pai de 2 filhas. Tem ensino médio completo, curso de informatica, curso de excelência em atendimento ao cliente.

"Gosto de praticar esportes pricipalmente o atletismo. Já participei de 3 prêmios vigilante/petrobrás, sendo que fiquei em 2º lugar nacional em um deles"- diz Oliveira.

"Estou satisfeito com a possibilidade de mudanças na guarda municipal, apreensivo quanto as dificuldades para a continuidade do curso devido a falta de incentivo por parte da administração municipal."

"Hoje a guarda municipal é uma necessidade da população, ja que a policia sozinha não consegue suprir os anseios da população."
"Espero que possamos ter uma boa formação como guarda municipal para poder contribuir no trabalho preventivo da violência no municipio de Carmopólis." afirma Oliveira

(Colaboração do GM Oliveira)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Guarda Municipal de Carmopolis, na visão da GM Ana Katia

Havia uma desespeperança na G.M.C, todos nós, guardas, achavamos que jamais assumiriamos a função de Guarda Municipal com seus respectivos deveres e direitos.

Mas, após a chegada do Tenente Carlos Eduardo Vieira Barreto, temos a esperança de uma verdadeira mudança na nossa guarda e isso já é sentido nas ruas de Carmopolis
-com guardas devidamente uniformizados.
-Rondas diurnas e noturnas;
-Cursos de formação continua;
-Criação e implantação da Secretaria de Defesa Social.

Enfim, hoje eu posso dizer, a Guarda Municipal de Carmopolis está operante e me enchendo de orgulho.
(Opinião e colaboração da Gm Ana katia)


Ana Katia dos Santos é Guarda Municipal da cidade de Carmopolis a 11 meses

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Entrevista do Bom dia Brasil, da rede globo, com o Coronel Vicente

Especialista diz que guarda civil não pode fazer o papel de polícia

O coronel que foi secretário nacional de Segurança Pública, diz que o guarda civil pode andar armado em cidades grandes, mas não pode revistar pessoas e fazer perseguição, porque não é policial.

Para falar sobre o papel das guardas civis, o Bom Dia Brasil recebeu o coronel José Vicente, que foi secretário nacional de Segurança Pública.

Bom Dia Brasil - Coronel, o que diz a lei? O guarda civil pode andar armado? Ele tem poder de polícia?

Coronel José Vicente da Silva, especialista em Segurança Pública – Ele não pode fazer o papel de polícia. Ele pode andar armado, de acordo com uma lei recente, de 2006, apenas nas cidades com mais de 50 mil habitantes e nas capitais, onde ele pode andar armado, inclusive fora de serviço, o que é uma aberração que levou ao incidente que nós vimos aí.

Bom Dia Brasil -Se ele não pode exercer papel de polícia, o que ele não pode fazer?

Coronel José Vicente da Silva - Ele não pode revistar pessoas, fazer perseguição, usar a arma como se estivesse em trabalho policial, porque ele não é policial, não é preparado para isso e não tem respaldo legal para isso.

Bom Dia Brasil -Os guardas têm a função de inibir a presença de bandidos, impedir delitos. Muitas vezes, nas cidades violentas, sem armas, com pouca iluminação, sem preparo, eles se tornam alvos fáceis. Como impedir que isso aconteça?

Coronel José Vicente da Silva -Com uma boa articulação com a polícia local. As guardas não fazem a menor diferença, na verdade, em relação à redução da violência nas cidades onde elas são empregadas. Elas existem estritamente para guardar os bens e serviços das prefeituras.

Bom Dia Brasil -Foram duas mortes em menos de um mês. O que faltou? Treinamento ou foi o simples porte de armas que permitiu essa situação?

Coronel José Vicente da Silva -O melhor é evitar o porte de arma como faz a Guarda Municipal do Rio de Janeiro, que é uma grande problemática cidade e não precisa da arma.

Bom Dia Brasil -As armas não letais substituem isso?

Coronel José Vicente da Silva -Elas ajudam bastante, porque o papel das guardas é cuidar por exemplo de camelôs, comércio irregular, veículos clandestinos nas cidades. Então, pode haver a necessidade de utilizar esse tipo de equipamento. Mas guarda não deve fazer o papel de polícia, não deveria estar armado, como nem os vigilantes deveriam estar em áreas públicas.

Bom Dia Brasil -A população tem essa impressão de que é necessário cada vez mais policiamento e guardas armados nas ruas. Não é bem assim, não é?

Coronel José Vicente da Silva -Não é. E os políticos sabem disso. Então, fazem o que a população gostaria. Mas o papel é praticamente inócuo na redução da violência por guardas municipais.

sábado, 19 de setembro de 2009

Reportagem do Bom dia Brasil , da rede globo, sobre o papel das guardas municipais

Papel da Guarda Municipal e uso de arma letal geram debate
A ação de enfrentamento nas ruas é inevitável? Quem deve estar armado? O Bom Dia discute a segurança nas cidades.


Esta semana mais um incidente envolvendo estes guardas levantou questões: como é o treinamento desses agentes que estão por todo o Brasil? Eles devem ou não andar armados?

Homens armados, com poder de polícia, atiram primeiro e perguntam depois, mas eles não são da polícia. São guardas municipais.

A função deles é fazer a guarda do patrimônio público, escolas, parques, monumentos. Mas, com o porte de arma, muitos guardas acham que devem agir como policiais, só que o treinamento não é o mesmo. Tragédias recentes e confusões envolvendo guardas civis levantam a questão: até onde eles podem ir?

Esta semana mais um incidente envolvendo estes guardas levantou questões: como é o treinamento destes guardas? Eles devem andar armados?

Nessa semana, em Limeira, no interior de São Paulo, guardas civis em greve fizeram um protesto na Câmara de Vereadores. Houve tumulto, e os guardas entraram em confronto com a Polícia Militar.

Um ônibus lotado com 40 passageiros é surpreendido por três assaltantes. Entre os passageiros, está um guarda civil armado que voltava do trabalho. “Houve pânico. Foi uma coisa terrível”, conta uma testemunha.

Houve troca de tiros entre o guarda municipal e os bandidos. Dois passageiros foram baleados. Diego da Silva, de 18 anos, levou um tiro na nuca e morreu.

Em menos de um mês, esta foi a segunda vez que guardas civis se envolveram em tiroteios. Na favela de Heliópolis, guardas de São Caetano do Sul, perseguiam ladrões de carros. A estudante Ana Cristina de Macedo, de 17 anos, que voltava da escola levou um tiro e também morreu. Logo após a morte, protestos explodiram dentro da favela.

Em todo o país, existem 800 companhias de guardas municipais, o que representa um total de 80 mil trabalhadores. Mas andar armado não é uma regra para todas as cidades. No Rio de Janeiro, a Guarda Civil anda desarmada, usa bastão e spray de pimenta e aguarda autorização do Exército para usar equipamentos não letais como os lançadores de balas de borracha.

Sem ter a liberação do porte pela Polícia Federal, os guardas de Belo Horizonte ainda não podem utilizar as armas que já foram compradas. O uso de revólveres é liberado no Recife, mas apenas para alguns guardas.

Em algumas cidades do país, a Guarda Civil Municipal, além das armas, também utiliza coletes à prova de balas e algemas. Em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, as bases comunitárias ganharam um reforço: vidros blindados.

O comandante da Guarda Civil Metropolitana de Osasco, Gilson Menezes, diz que a blindagem foi necessária, porque as bases viraram alvos dos bandidos. Ele defende o uso de armas de fogo.

“Os guardas municipais têm como base de formação a estrutura curricular da Secretaria Nacional de Segurança Pública e a carga horária está pautada em torno de 550 a 800 horas de aula para ingressar na carreira”, afirma.

Na cidade de São Paulo, a intenção é reduzir ao máximo o uso de armas letais. “O fato de estarmos recebendo agora armas não-letais como gás pimenta, que é uma arma menos invasiva, favorece ao não uso de armas de fogo. Eu sou a favor de evitar onde é possível o uso de armas de fogo”, defende o secretário municipal de Segurança Urbana de SP, Edson Ortega.

Para o sindicato, que representa uma parte da categoria, os guardas civis também podem exercer atividades policiais como o combate ao crime comum.

“Desenvolvemos a nossa atividade policial em várias funções. O que se pode discutir é a ampliação das atividades das guardas municipais no sentido de competência”, declara o presidente do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos, Carlos Augusto Souza Silva.

Mas esse não é o pensamento do comandante da Guarda Civil de São Bernardo do Campo, Benedito Mariano. “Guarda não corre atrás de suspeito, guarda não faz blitz, não revista pessoas suspeitas, porque isso são ações relacionadas a policiamento repressivo. A função da guarda é com a sua presença física uniformizada e armada, para inibir e coibir o crime”, explica.

edição do dia 18/09/2009
18/09/09 - 07h22 - Atualizado em 18/09/09 - 07h42

Curso da guarda municipal

No ultimo dia 14 de Setembro do corrente ano, teve inicio o curso de formação de guarda municipal na cidade de carmopolis, patrocinado pela Prefeitura Municiapl na administração da Sra. Esmeralda.

Este curso tem como objetivo aperfeiçoar, organizar, dar qualidade, respeito e segurança ao guarda e para a guarda da cidade.

Um grande incentivador, que esta a frente, também dando aula ao guardas, é o Tenente Eduardo. o qual não mede esforços para aprimorar os nossos conhecimentos e dar aquele incentivo moral para todos .

GM Nunes

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sociologia da violência
14/11/2003
Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O Centro de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), antigo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP, nasceu com a missão de investigar a violência do ponto de vista social. O capital intelectual que reúne diante de uma temática única não é formado por criminologistas. O objetivo é gerar conhecimento que possa ser utilizado pela sociedade ou pelo poder público. Faz parte do dia-a-dia do centro dar curso para policiais civis e militares. O centro atende também, por intermédio de programações direcionadas, professores que lidam com jovens ou crianças das camadas da sociedade bastante próximas ao crime.
Fundado em 1987 como Núcleo de Estudos da Violência e atualmente com cerca de 60 pesquisadores, o centro tem como um de seus principais trabalhos a produção de mapas sociais do município de São Paulo, com, por exemplo, o número de homicídios, lesões corporais ou outros tipos de violência nos diversos distritos da capital paulista. Além dessas ferramentas de análise, os cientistas trabalham para gerar estudos teóricos que apoiem a reflexão sobre o problema cada vez mais presente e preocupante que é o da violência urbana.
Em entrevista à Agência FAPESP, um dos coordenadores do Centro de Estudos da Violência, o professor de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas da USP, Sérgio Adorno, revelou alguns novos estudos e falou sobre a questão da violência e da segurança pública no Brasil. Segundo ele, o quadro não é dos melhores no curto prazo e a alternativa mais eficiente passa por reformas, planejamento estratégico e uma sinergia cada vez maior entre conhecimento e políticas públicas.


Agência FAPESP - Um dos pontos nevrálgicos da segurança pública atualmente é a falta de planejamento?

Sérgio Adorno - Não quero dizer que não exista planejamento, mas ele ainda é muito circunstancial, feito sob a pressão dos acontecimentos. Quando há, por exemplo, ataques em série do PCC (a facção criminosa Primeiro Comando da Capital), descobre-se que é preciso investir em uma inteligência policial com características específicas. É preciso que exista um planejamento estratégico feito com base em dados confiáveis. Hoje, com os estudos que vêm sendo feitos, é possível examinar cenários e projetá-los para o futuro. Podemos investir em áreas onde há maior probabilidade de ocorrer certos tipos de crime.

Agência FAPESP - Os mapas da violência produzidos pelo Centro de Estudos da Violência seriam boas ferramentas para esses planos estratégicos?

Adorno - Eles permitem ver como certas combinações de carências sociais estão associadas à presença do tráfico de drogas, com jovens que, na falta de alternativas, acabam se envolvendo com situações de transgressão da ordem ou com uma polícia violenta. Em grande parte, os mapas mostram que a violência passa por carências sociais, mais em algumas regiões da cidade e menos em outras. Muitas vezes o cenário não explica tudo, mas os mapas ajudam a refinar a análise. Podemos descobrir, por exemplo, duas regiões com carência de escolas, onde uma delas é mais violenta. Nesse caso, será preciso analisar não a quantidade, mas a qualidade das escolas, verificar o envolvimento dessas instituições com a comunidade, dos professores com os alunos ou com os pais desses. Os mapas são indicadores que permitem movimentar o nosso olhar, evitando uma visão enviezada dos problemas.

Agência FAPESP - A relação entre violência e pobreza é sempre direta?
Adorno - Não acho que tudo possa ser explicado pela pobreza. Temos que pensar nas condições de vida, em termos de política de prevenção. É a mesma coisa na saúde. Condições precárias de habitação não explicam completamente uma determinada situação de epidemias ou endemias. Para imunizar uma parte da população, é preciso existir saneamento básico, água potável. São requisitos mínimos universalizados e é esse tipo de raciocínio que precisa, de alguma maneira, ser incorporado pelas autoridades políticas encarregadas de administrar a segurança pública. São políticas também sociais, como segurança alimentar, escolar ou do trabalho. Precisamos construir uma rede de relações sociais na qual pelo menos 80% ou 90% da população tenha a menor oportunidade possível de derivar para o mundo da violência e do crime, seja na condição de vítima ou de agressor.


Agência FAPESP - É possível identificar uma certa resistência na sociedade com relação à expressão "direitos humanos". Muitos acreditam que "direitos humanos" são "direitos dos bandidos". Onde está a origem desse discurso?

Adorno - Isso tem uma historicidade, inclusive muito bem contada por vários analistas, como a professora Tereza Caldeira (da Universidade da Califórnia, em Irvine) no livro Cidade de Muros. Com a transição da democracia, insistimos muito no sentido de que uma sociedade democrática é aquela que preserva os direitos humanos. Depois, surgiu uma articulação que veio da direita, aproveitanto esse discurso, dizendo que o bandido é a vítima. Mas é evidente que isso não é verdade. Quem defende os direitos humanos não está defendendo criminosos, mas sim uma sociedade na qual todos os cidadãos possam estar protegidos. De qualquer maneira, acredito que esse discurso esteja envelhecido. Ele ainda resiste porque as pessoas não conseguem ver mudanças claras relacionadas à sua segurança. A violência não é uma invenção, não é uma histeria. As pessoas estão sendo assaltadas, mortas, estão cada vez mais preocupadas em voltar para casa.


Agência FAPESP - A percepção da violência, de certa forma, está muito além do real?

Adorno - Existe a fabricação do medo e, muitas vezes, uma percepção exagerada por parte da população. Mas isso não deixa de ter um fundo real. O crime organizado, por exemplo, tem uma grande capacidade de mobilização e de causar problemas, inclusive para as autoridades encarregadas de controlar prisões. É evidente que a parcela da população carcerária envolvida com o crime organizado é pequena, mas a imagem que fica é que todo preso pertence ao PCC ou à uma facção rival. Desse modo, acaba se criando a sensação de estarmos em uma guerra civil, na qual é legítimo matar o inimigo.


Agência FAPESP - Qual o papel da mídia nessa ressonância da violência?

Adorno - Claro que a mídia tem uma capacidade de traduzir os fatos com uma ressonância diferente de um simples rumor localizado, mas não podemos atacá-la como um todo. Parte dela é responsável e tem feito um trabalho sério ao colocar a violência em debate, mas há os que se identificam com a fabricação do medo, muitas vezes fazendo isso por uma maior audiência, por interesses financeiros. Alguns, inclusive, estão convencidos de possuir a missão de serem porta-vozes da desgraça alheia. É uma sociedade complexa, não de mocinhos e bandidos, mas de pessoas que vivem em situações muito precárias. Nos bairros mais pobres, as pessoas não pedem a morte dos bandidos, mas que eles saiam dali. Elas sabem que, muitas vezes, o bandido é o mesmo menino criado ali no bairro, conhecidos por todos.


Agência FAPESP - Mas o quadro da violência, especialmente a urbana, parece bastante caótico?

Adorno - Apesar de ser um problema muito sério, não acredito que exista uma crise de Estado. Outras áreas, mesmo que não estejam satisfazendo plenamente a população, estão funcionando. O sistema escolar ou o de saúde, por exemplo. Também não se perdeu o controle da criminalidade. De seu lado, o Judiciário está em uma situação muito crítica, que exige um diagnóstico preciso. Parte dos desembargadores está convencida da necessidade de mudanças. A justiça precisa mudar para ficar mais eficiente e oferecer maior segurança ao cidadão.


Agência FAPESP - Essa questão também tem a ver com a impunidade, que o sr. está estudando no momento?

Adorno - Nosso estudo sobre a impunidade tem uma grande meta, que é contribuir para a reforma do sistema de justiça penal. Trata-se de uma reforma que será feita por partes, que não vai resolver tudo de uma única vez. Além de ser uma questão política, nenhuma das reformas que conheço foi feita da noite para o dia. Na França, para se chegar ao padrão considerado adequado hoje, levou quase um século. Espero que nossa pesquisa possa contribuir para um debate público e político, envolvendo policiais, juízes e a sociedade civil. Precisamos discutir, a partir de um quadro real, como a situação da violência atual pode ser enfrentada no curto, médio e longo prazo. Os estudos do NEV mostram que a impunidade é muito elevada e não vai mudar de 10 para 100 rapidamente. Mas pode ser viável aumentar a proporção de condenações por crimes graves de 10 para 25, no espaço de cinco anos. Então, vamos tentar fazer isso. Na próxima etapa, poderemos subir de 25 para 50. Se houver um planejamento, como se faz, por exemplo, em algumas áreas estratégicas, como o petróleo, nas quais se pensa em períodos do tipo cinco ou seis décadas, poderemos resolver muitos problemas.

Boas vindas

Este blog tem como finalidade divultar as atividade e ações da Guarda Municipal de Carmopolis(GMC) como tambem os interesses de seus membros